Terrorismo em cima dos pobres (Crianças e mulheres grávidas) que estão acampados na porta da Prefeitura de Belo Horizonte
sábado, 2 de outubro de 2010
NOTA À IMPRENSA E À SOCIEDADE DE MG, DO BRASIL E DO MUNDO.
Terrorismo da Polícia Militar de MG, do governador Anastasia, e continua intransigência do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda.
Informe do 3º dia acampamento dos Sem-teto na porta principal da Prefeitura de Belo Horizonte – PBH -, na Av. Afonso Pena.
Comandante-Geral da Polícia Militar colocou ROTAM para tentar expulsar os Acampados Sem-teto ontem à noite da porta da Prefeitura de Belo Horizonte, MG, Brasil.
Mais de 400 representantes das ocupações-comunidades Dandara, Camilo Torres, Irmã Dorothy e Torres Gêmeas continuam acampados na porta principal da Prefeitura de Belo Horizonte - PBH -, capital de Minas Gerais, desde o dia 29/09/2010, às 8:00h, quando a Guarda Municipal da capital mineira agiu com truculência e agrediu várias pessoas, inclusive idosos, mulheres e crianças. “Se a guarda estivesse armada, teria matado pessoas, pois o conflito e a agressividade da polícia do prefeito Márcio Lacerda foram um absurdo”, afirmou Júnior, da Comunidade Dandara.
Ontem à noite, quinta-feira, dia 30/09/2010, por volta das 20:30h, a Polícia Militar, setor ROTAM, cercou o Acampamento dos Sem-teto com um enxame de viaturas e colocou dezenas de policiais militares em posição de ataque na frente do Acampamento. A tensão foi muito grande. As mais de 400 pessoas gritavam gritos de luta, enquanto uma Comissão do Acampamento tentava negociar com o comando militar da operação. Às pressas, foi divulgado RELEASE à imprensa sobre o cerco Policial. Apoiadores foram chamados às pressas ao Acampamento. “Num piscar de olhos”, chegaram ao Acampamento uma série de apoiadores: o presidente da Comissão dos Direito Humanos da OAB/MG, Dr. William Santos, membros do CONEDH[1], parlamentares que apoiam as reivindicações dos acampados, padres, freis, freiras, advogados, estudantes, membros de Pastorais Sociais, militantes da Via Campesina e de movimentos sociais etc.
A Polícia só recuou da decisão de expulsar com a força das armas o povo do Acampamento com a condição de que a grande lona preta que cobria os acampados fosse retirada. O comandante alegou que o prédio da prefeitura é tombado e que a lona preta estava tornando feio o prédio. Perguntamos: tratar caso social e político como caso de polícia não torna feia a cidade de Belo Horizonte, que é, segundo a ONU, a 13ª cidade mais desigual do mundo?
Mas a lona foi retirada. O grande aparato militar foi embora. Ficaram um número menor de policiais e uma infinidade de guardas municipais. Uma celebração religiosa ecumênica foi realizada. Textos bíblicos foram ouvidos, cantos de luta foram entoados, apoiadores se manifestaram. Todos foram abençoados e com um Pai Nosso a celebração foi encerrada na certeza de que o Deus da vida está no (meio do) povo que luta.
Sem a lona preta, os acampados passaram a noite ao relento, sob o sereno e a chuvinha que caiu à noite. A guarda municipal continua provocando os acampados. Imagina o sofrimento de crianças, idosos, mulheres e de todos que estão no Acampamento há 3 dias. Mas todos dizem: “Melhor sofrer na luta do que viver humilhado a vida toda morrendo aos poucos. Na luta, estamos construindo uma cidade e uma sociedade onde caibam todos.”
Atenção: Veja o que faz a ROTAM - Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas -, a polícia que foi ao Acampamento para tentar expulsar os acampados:
Segundo o próprio site da Polícia Militar, a ROTAM combate a macrocriminalidade pesada, atua em locais de elevado índice de criminalidade, repressão a assaltos a estabelecimentos bancários, escolta de presos perigosos ou de valores de monta incomum. É o carro chefe do Batalhão de Polícia de Choque. A ROTAM é uma força de manobra tática do Comandante-Geral da Polícia Militar - e atua em todo e qualquer ponto do Estado, quando requisitado pelas Unidades do interior e ainda dá suporte às demais Unidades da Capital quando as ocorrências de violência chegam ao extremo. Tem como missão principal a prevenção e combate a criminalidade violenta e o atendimento de ocorrência de alta complexidade. Uma tropa de elite de grande mobilidade e agilidade, responsável pelo combate ao crime pesado. Assim é definido o BATALHÃO DE RONDAS TÁTICAS METROPOLITANAS - ROTAM.
É horripilante descobrir que o Comando Geral da PM do governador de Minas, Antonio Anastasia, enviou a ROTAM, na calada da noite, para tentar aterrorizar pobres que, com fé em Deus e de forma organizada e pacífica, estão reivindicando apenas o que prescrevem a Bíblia e a Constituição Federal: moradia para todos e respeito à dignidade humana. Isso é criminilizar os pobres que não baixam a cabeça diante de políticos que (dês)governam a sociedade.
Atenção! É muito GRAVE o seguinte: O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, e o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, continuam intransigentes e não se prontificaram a abrir uma mesa de diálogo que evite os despejos já anunciados para após as eleições, que respeite as 1.400 famílias marginalizadas das comunidades Dandara, Camilo Torres, Irmã Dorothy e Torres Gêmeas que já construíram 1.100 casas populares em autoconstrução e em mutirão em terrenos que não cumpriam sua função social há décadas. As ordens de despejos emanadas pelo Tribunal de Justiça de Minas não são justas e nem legítimas. Se o Governador de Minas Gerais autorizar a realização dos despejos das comunidades, em epígrafe, estarão autorizando massacres em Belo Horizonte.
As 1.400 famílias de Dandara, Camilo Torres, Irmã Dorothy e Torres Gêmeas continuarão obstinadas na luta até que uma mesa de negociação seja constituída e que o fantasma dos despejos sejam exorcizados. Na mesa de negociação devem estar: prefeitura de Belo Horizonte, Governo Estadual, Governo Federal (Ministério das Cidades, que, aliás, já sinalizou que tem dinheiro e interesse em encaminhar as reivindicações das comunidades, acima referidas; Caixa Econômica Federal), Ministérios Público estadual e federal, Defensoria Pública, Rede de apoio às comunidades, Brigadas Populares e representantes das Comunidades Dandara, Camilo Torres, Irmã Dorothy e Torres Gêmeas.
Obs.: Recordamos que MORADIA é um DIREITO GARANTIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – CF/88. O ART 6º da CF/88 diz: "São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, ...,na forma desta Constituição". ART 1º inciso III da CF/88 reza: "A República Federativa do Brasil tem como fundamentos: a dignidade da pessoa humana.
Exigimos O CUMPRIMENTO DO ART 1º INC.III COMBINADO COM O CAPUT. DO ART 6º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. EXIGIIMOS O CUMPRIMENTO DA CONSTITUIÇÃO JÁ!!!
Contatos:
Joviano (31) 8815-4120/9708-4830/8533-3363/8525-8138/9836-3450
Frei Gilvander Moreira, cel.: 31 9296 3040.Irmã Rosário, cel.: 31 9241 9092
Para maiores informações, consulte também www.ocupacaodandara.blogspot.com
[1] Conselho Estadual dos Direitos Humanos.
Um abraço terno. Gilvander Moreira, frei Carmelita.
e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.br
www.gilvander.org.br
www.twitter.com/gilvanderluis
skype: gilvander.moreira
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